Por: Genilson Araújo
Em pouco mais de uma hora, a ex-ministra do meio ambiente e senadora pelo PV Marina Silva de uma senhora aula sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Em tom didático e esclarecedor, a parlamentar, pré-candidata do partido às eleições presidenciais do próximo ano, explicou que a humanidade hoje está numa esquina civilizatória, onde dois caminhos levam para situações extremamente opostas: a preocupação com a natureza e a salvação do planeta ou o esgotamento total das reservas naturais com as conseqüências do aquecimento global instaladas de forma definitiva. Durante a aula, teletransmitida nacionalmente, a senadora ressaltou que é preciso atuar em todas as frentes na preservação da natureza e isso começa de forma individual até chegar ao coletivo. “É preciso cuidar do meio ambiente a partir do nosso ambiente” – enfatizou a senadora. Para Marina, é preciso defender o planeta em todas as frentes possíveis: na área ética, econômica, política, da sustentabilidade etc. Para ela, o tempo está passando e a ação preservacionista deve ser rápida. Alfabetizada aos 16 anos pelo Mobral, professora de História no ensino médio e defensora da natureza desde a adolescência, Marina Silva deu uma verdadeira lição de amor à natureza aos que assistiram à aula.
A reportagem do Paredão acompanhou a aula e destaca os tópicos abordados pela ex-ministra:
O cuidado com o meio ambiente atravessa gerações.
“As pessoas não se tocaram. Pensa-se no aqui e agora. É preciso ir além, pensando nos filhos, netos e bisnetos. A preocupação com o meio ambiente deve ser geracional. Essa visão de recursos naturais infindos não se justifica mais. O desenvolvimento sustentável pressupõe atender gerações presentes e futuras sem agressões ao meio ambiente”
Dinheiro para a crise econômica mundial saiu rápido. Já para a crise ambiental...
A Crise econômica mobilizou trilhões de dólares. Não se questiona essa necessidade e a velocidade com que o dinheiro surgiu. Ele foi necessário e veio rápido. Já para a crise ambiental não se consegue recursos com a mesma velocidade.
Sociedade apóia ações que preservam o meio ambiente.
No Brasil observei, quando saí do ministério do meio ambiente, que a sociedade ficou apreensiva, preocupada com a agenda ambiental. Constatei, na ocasião, que a sociedade dá respaldo às ações que visam proteger a natureza. Há pesquisas indicando que as pessoas topam pagar um pouco mais por algo que tenha sido produzido sem agredir a natureza. Falta a muitos produtores em engajamento com essa questão.
Efeito estufa aumenta a temperatura da terra e acelera a desertificação.
1/3 da superfície terrestre sofre com a desertificação. No Brasil essa área já chega a 1 milhão de quilômetros quadrados. Um bilhão e 600 milhões de pessoas na terra dependem das florestas. A crise da mudança do sistema climático compromete todas as formas de vida.
Classe política lenta nas questões ambientais.
A lei de resíduos sólidos tramita a 25 anos no Congresso. A lei para proteger os 7% restantes da Mata Atlântica está há 15 anos. A classe política não pode ser conivente com o desmatamento. Ela tem o compromisso de dizer que representa o povo e seus interesses ambientais. A classe política não tem o direito de substituir o representado. Lá no Congresso é difícil defender as causas ambientais.
Estudos oferecem alternativas para produção sustentável. Produtores não se interessam.
Embrapa, o Ministério da Agricultura e diversas outras entidades possuem estudos que viabilizam a produção de alimentos sem agressões ao meio ambiente. Falta boa vontade por parte dos produtores. A criação de gado é um exemplo. Desmatam-se imensas áreas para transformá-las em pastos. Não se faz criação de gado com manejo das áreas de pasto. Para os produtores, é mais fácil e barato pôr árvores abaixo.
Pressão funciona.
A pressão da sociedade funciona. Recentemente pressionou-se a rede varejista a vender carne de boi criado em áreas onde o meio ambiente não é afetado. Num instante, muitos produtores procuraram se adequar. Assinaram termos de compromisso e se enquadraram nessas diretrizes para não perder mercado. A pressão do consumidor por produtos que respeitem o meio ambiente é importante. Está comprovado por pesquisas que os consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais para preservar a natureza.